sexta-feira, dezembro 17, 2004

As lutas de um expatriado

Uma semana mais cedo do que o previsto estou de volta à casa!
Tenho passado os últimos dois dias a lutar contra o jet lag, as nauseas da mefloquina, o frio e a ansiedade de começar a trabalhar no dia 3 de Janeiro.
Vou fazer o primeiro ano do meu Internato Médico no Hospital Geral de Santo António.
Penso sobre a continuação deste blog...

quarta-feira, dezembro 08, 2004

Porto Chelsea num banco de jardim

O Martinho é um dos seguranças cá de casa. Fanático por futebol e benfiquista de nascença, converteu-se ao Portismo há já alguns anos. Pessoa de bem como está bom de ver.
Como a RTPi ontem não ofereceu mais do que a Praça da Alegria pela hora de jantar (que eu tenho seguido muito atentamente e estou a considerar seriamente a hipótese de levar lá as minhas avós), o Martinho ofereceu a sua casa para vermos a final da Liga dos Campeões, Porto-Chelsea.
Às 04.30 estávamos a caminho de um claro golpe de sabotagem por parte do canal indonésio que deveria transmitir a partida: “No signal”!
Mas portista que é portista não desiste.
Parámos o carro em frente ao mar, tirámos da mochila as cervejas e os amendoins e fizemos a festa num banco de jardim.
Entrámos muitas vezes pelo rádio dentro, saltámos, insultámos e “ai se fosse o Baía a bola não entrava!”
No fim, um suspiro de alívio sofrido e o orgulho ter o coração de uma só cor: AZULIBRÁNCO!


terça-feira, dezembro 07, 2004

Uma escola com 50 cêntimos por mês

A Directora da Escola Primária n.º 5 de Comoro em Dili, Ilídia da Silva Guterres, vê todos os dias da porta da sua sala 1164 crianças a brincar no pátio poeirento. Jogam à bola, cantam em português e em tétum e saltam à corda alheios aos problemas da Professora Ilídia.
Para aguentar a escola de pé os pais de cada aluno pagam 50 cêntimos (do dólar) por mês. O Estado, nada. Desculpem. Quase nada. Ajuda com algum material.
Os professores ganham 160$. Estão desanimados e “se não fosse pelas crianças já tínhamos ido embora”, desabafa a Directora. Ao fundo da dedicação vão buscar a força para continuar a fazer crescer o que concordamos ser “o futuro de Timor (são estas crianças)”.
Com 2 livros de matemática e 2 de ciências faz-se o que se pode. Um pau de giz na ardósia negra faz o resto, sobretudo quando o português não serve de muito.
É esta a realidade que ajudamos com as nossas campanhas de Natal.
Vê-la de Portugal custa. Falar com ela faz aquela impressão no meio da barriga. Vivê-la todos os dias é heróico.

terça-feira, novembro 30, 2004

O Dilema da Pequena Sereia

Nunca acreditei muito em “traumas de infância”.
Por isso, após uma tentativa falhada aos 16 anos decidi voltar ao mar de um modo que poucos de nós (e por nós entenda-se aqueles que não conseguem viver sem ele) têm oportunidade de fazer: através de um curso de mergulho (open water diver).
A “maravilhosa sensação que é conseguir respirar debaixo de água e sentirmo-nos livres, e blá, blá…” é bem verdade mas apenas depois de uns dez minutos no fundo do mar, porque enquanto ainda lutamos com o peso do equipamento, alguma sensação de aperto no peito e as memórias de uma experiência mal sucedida aquilo que pensei foi: “Lindo! Vinte e cinco anos, Timor Leste, duas instrutoras loiras debaixo de água, o melhor mar do mundo e eu, vou desmaiar…”!
Mas a paz finalmente reinou. Após umas manobras a 3 metros nadámos em direcção a barreira de coral. E aqui meus amigos o fascinio começa a fazer faltar as palavras e tudo o que queremos é trocar este mundo pelo outro.





P.S. Estive a um metro de Nemos como este e de tartarugas australianas...

segunda-feira, novembro 29, 2004

Se fosse em qualquer outro sítio talvez ficasse um pouco chateado…

Tinha marcada uma reunião para hoje às 09.00 com o Subdirector do Hospital Nacional de Dili para discutirmos a organização do país e do hospital em trauma e, esperava eu, dar os primeiros passos no sentido da criação de um Sistema de Trauma em Timor Leste.
Ainda com os olhos meios fechados apanhei boleia do Sr. Filomeno e às 08.45 estava no átrio do pequeno edifício. Um homem passeava de lata de insecticida na mão e a cada 2/3 metros participava no Plano Nacional de Erradicação da Malária enviando umas “sprayadelas” para um espaço que fica entre duas grandes portas abertas e para dentro de um gabinete fechado onde trabalhava uma senhora grávida. Ainda pensei tentar falar com ele mas…
Às 09.00, com uma pontualidade impecável, estava a entrar para dentro do gabinete do Enf. Benjamim, já com os olhos meios abertos.
Reparei que estávamos sozinhos (mau sinal para quem esperava mais médicos e enfermeiros na reunião).
Cheio de boa vontade e espírito empreendedor, pergunta-me: “Quando vai embora?”…”Então, poderíamos marcar ESTA reunião para a próxima semana, que o Sr. Director já cá está. Que acha? É que assim as coisas ficavam feitas mesmo em condições e também já cá estavam mais médicos.”
Disse: “Claro que sim. Também acho.”

Se fosse em qualquer outro sítio talvez ficasse um pouco chateado…

quarta-feira, novembro 24, 2004

A gente cá de casa

Caímos muitas vezes na tentação de despersonalizar as Instituições que usamos ou até mesmo as que servimos. Atribuímos quando muito a cargos (e não a pessoas) o sucesso de uma grande conquista ou a culpa (e não responsabilidade) de conflitos ou fracassos.
Em jeito de protesto, aqui está a gente que faz esta casa. Médicos e enfermeiros que vão e vêm (com missões de cerca de três meses), um Chefe de Missão (que fica entre 3 e 6 meses), um Estagiário de Medicina (como somos carinhosamente chamados) e os residentes - a D. Joaquina (que cozinha carne de bufalo como ninguém), a D. Maria, o Sr. Filomeno (tradutor), o Sr. Florêncio (o motorista mais calmo das ruas de Dili), o Natalino e o Martinho (os seguranças).
Nas próximas semanas vamos ter por cá a Enf.ª Fernanda, o Enf.º Daniel, o Dr. Vitaly e eu!

One dollar beach

Quando estamos em Timor, quase sem darmos por isso, olhamos para o lado e vemos cenários como este que só apetece pegar na tesoura e levar para casa.





Quem conhece a Casa em Construção já sabe como são os churrasquinhos do Major Machado: amigos, praia, a melhor carne de búfalo e frango e a fresquinha sempre ao lado.
A dois passos, uma barreira de coral no fundo de um mar quente onde tudo o que precisamos para ver os peixes mais bonitos do mundo é uma máscara, um tubo e um par de chinelos!

domingo, novembro 21, 2004

Lava uma mão...

O que acontece quando se juntam 60 crianças timorenses entre os 2 e os 6 anos, para verem um teatro feito por malais (os estrangeiros em Timor) que lhes vão ensinar a importância de lavar as mãos antes das refeições?!
Provavelmente:




Foi o meu primeiro ‘trabalho’.

quinta-feira, novembro 18, 2004

Timor

Encontrei uma cidade colada entre o calcanhar das montanhas e o mar onde há miúdos meios nús a correr descalços pelas ruas ou a vender cartões de telemóvel ou bananas e ananases em varas pelo ombro, onde há porcos e galos pelas ruas e onde o simples palácio presidencial fica apenas a umas dezenas de metros das casas do povo.
Vou passar aqui as próximas cinco semanas. É muito pouco para quem chegou aqui com aquela vontade naif de querer ajudar a mudar o mundo e já se apercebeu que a inércia de um povo adormecido não é fácil de mudar...

Um turista em Bali

Depois de umas semanas de silêncio estou de volta a este espaço de partilha.
O meu Curso sobre Sistemas de Trauma em Israel terminou. Balanço final: Nota 10!
Foram 4 semanas de uma intensidade fora do comum: seminários, workshops, simulações, visitas de estudo, turismo e sempre em constante partilha!
Após um dia a matar saudades em Portugal e trinta horas de viagem cheguei a Bali para, o que pensava que iria ser, um dia de prazer e descanso total antes de Timor.
Mas a Indonésia é, no mínimo, uma pequena armadilha para o turista que chega sem dormir; que não preencheu os papeis todos que devia; que tem que tem de esperar 15 minutos em duas filas; carregado com uma mochila cheia de livros e uma mala de computador; que lê repetidamente que a pena para quem tentar "importar" droga para a Indonésia é a morte; e que começa a ficar preocupado com a segurança do local da sua mala que, com toda a certeza, já não está no tapete com todas as outras malas...
Ora este turista, quando finalmente passa todo o controlo da fronteira, sem grande surpresa mas com alguma preocupação, constata que de facto já não há qualquer tapete de malas ainda rolar. Vai até ao fundo da pequena sala do aeroporto onde vê um grupo de cerca de 5 malas e outros tantos indivíduos locais, mas a sua mala, nada.
Então começa a extorsão. Um dos tipos rapidamente se oferece para ajudar enquanto pega num carrinho de aeroporto, dirige-se a um segundo grupo de malas, pega na mala do turista em questão, passa um segundo controlo de fronteira com ele (fazendo apenas um daqueles pequenos acenos com a cabeça ao polícia) e dirige prontamente o turista a uma casa de câmbio. Este, que pensava que ia poder usar os seus dólares no país, vê-se obrigado a comprar rupias, que não faz a mínima ideia do câmbio correcto.
Com 160000 rupias no bolso (aqui o turista não foi roubado: por um dólar compram-se 8000 rupias) o indivíduo pede agora descaradamente ao turista uma gorjeta pela grande ajuda que lhe deu. Este ainda desnorteado decide dar-lhe o bem menos precisoso que tem neste momento: euros; o seu azar é que a nota mais pequena que tem é de 20!
Depois, é encaminhado para uma cabine de táxis (sem poder escolher os azuis celeste, os mais honestos, que uns amigos lhe havia recomendado), compra uma viagem até ao hotel por 75000 rupias (ainda sem a noção de que quantia isto realmente é) e um segundo indivíduo (que o turista pensava ser o motorista do táxi) encaminha-o até ao veículo.
Umas dezenas de metros mais à frente, debaixo de um calor insuportável para o turista carregado (sim, que o turista jamais deixou de carregar e vigiar com sete olhos todas as suas malas), este chega próximo do táxi donde sai de dentro o motorista do táxi. Então o segundo indivíduo pede-lhe uma atençãozinha em euros mas o turista já não cai nessa, e despacha-o prontamente com 5000 rupias (convencido que é pouco dinheiro). Cansado, entra para o banco detrás do táxi na esperança de que mais nenhum dos simpáticos e prestáveis locais o tente roubar.
Depois de um abandono intempestivo num hotel errado, o turista apanha outro táxi e chega finalmente (agora com bastante convicção e rejeitando a ajuda dos empregados) ao seu destino.
Eis que tem pela primeira em quase três horas de estadia no novo país uma sensação de paz e bem estar. Diz a empregada do hotel num inglês muito castiço: "Esperamos que não se importe mas como estamos lotados (medo nos olhos turista) vai ficar instalado numa das nossas suites executivas."
Turista: ;)

quinta-feira, outubro 28, 2004

O Trauma em Israel_Magen David Adom

Praticamente todo o sistema pre-hospitalar do estado de Israel é assegurado pela Magen David Adom in Israel. Tradução: Estrela de David Vermelha, o equivalente à Cruz Vermelha Internacional e ao Crescente Vermelho. Actualmente têm um dos melhores sistemas pré-hospitalares do mundo com um modo de acção entre o Stay and Play, praticado em França e Portugal, e o Scoop and Run anglo-saxónico.

O Trauma em Israel_Magen David Adom

Praticamente todo o sistema pre-hospitalar do estado de Israel é assegurado pela Magen David Adom in Israel. Tradução: Estrela de David Vermelha, o equivalente à Cruz Vermelha Internacional e ao Crescente Vermelho. Actualmente têm um dos melhores sistemas pré-hospitalares do mundo com um modo de acção entre o Stay and Play, praticado em França e Portugal, e o Scoop and Run anglo-saxónico.
Imaginem uma cidade murada com mais de 20 camadas e 4000 anos de história de destruição e construção sucessivas, com os locais mais sagrados para as três maiores religiões monoteístas do mundo (alguns, literalmente em cima de outros), tudo com a presença constante do aroma doce do Médio Oriente, com corredores apertados de lojas e gente de todas as cores…
Definitivamente Israel é um país que têm de visitar.
Para os Cristãos entre os leitores deste blog o apelo é inegável. Hoje pude visitar e tocar a rocha onde romanos e judeus colocaram a Cruz de Jesus Cristo há 2000 anos e visitar o local onde o Seu túmulo estava. Mas viver apenas uma vez, e ainda mais num só dia, a vida de Jesus Cristo em Jerusalém é muito insuficiente. Entre a excitação e a alegria da fé e a ‘obrigação’ de capturar o momento nas lentes da memória o tempo corre-nos pelas mãos. Por isso Joaninha, já sabes, Israel está lista.
Para os apaixonados no “Santo Graal” de Dan Brown há visitas guiadas aos locais onde Maria Madalena caminhou com Jesus Cristo, ao caminho dos Templários…

quarta-feira, outubro 20, 2004

OBRIGADO FCG

Estou extremamente grato a Fundacao Calouste Gulbenkian e ao seu Departamento de Saude e Desenvolvimento Humano pela atribuicao de uma bolsa de 2100€ para a minha participacao neste Curso de Organizacao de Sistemas de Trauma! Confesso que depois do ICBAS e da sua Unidade Docente e de Investigacao em Urgencia Medica Extra-hospitalar terem recusado o meu pedido de apoio, estava com algum receio de nao receber qualquer apoio!

terça-feira, outubro 19, 2004

Almocos na cantina do Hospital

A maioria dos nossos almocos serao na cantina do Rambam Medial Center, o nosso Hospital.
Temos cerca de 5 pratos a disposicao (carne, peixe e vegetariano) e um enorme buffet de saladas e acompanhamentos quentes.
Para os funcionarios: 25 centimos!

segunda-feira, outubro 18, 2004

DAY ONE

Uma coisa tenho a certeza: isto não vão ser férias!
Depois de uma cerimónia de abertura com toda a pompa e por que não, circunstância, fizemos a habitual apresentação.
A mescla étnica e cultural é enorme, senão vejamos: Camarões, Kénia, África do Sul, Índia, Nepal, Tailândia, Chipre, Hungria (Mr. Karoly Horvath, AKA Charles), Malta, Roménia, Chile, Colômbia, Honduras, Filipinas, Uruguay e BELIZE. Belize foi a grande sensação: é um país no norte da América do Sul que ‘conquistou’ a sua independência da Grã-bretanha em 1981!
Vamos ter um programa apertadíssimo mas extremamente aliciante.
Confesso, estou mesmo excitado com isto.
Só para a abrir o apetite: vamos discutir Catástrofe (Mass Casualty) muito mais do que esperava, incluído a participação numa simulação no hospital, vamos visitar instalações militares e outros Centros de Trauma (por ex. em Telavive e Jerusalém), as sextas feiras são dias de prática clínica (tipo observacional) mas podemos voluntariamente fazer noites na área que mais gostamos ou ficar ‘à chamada’ para uma vítima de trauma major (adivinhem quem vai lá estar)…
O programa cultural é OBRIGATÓRIO: um dia em Jerusalém, dois dias num acampamento Beduínio no deserto, Nazaré, o Mar Morto…
… enfim, sacrifícios!

Os melhores guias turísticos do mundo...

Quando saí do aeroporto em Telavive, depois de meia horita de controle de passaporte, lá estava o nosso motorista de táxi (o mais parecido com o que conheço como um típico israelita) para nos levar (à Angélica, ao Charles – um enfermeiro húngaro – e a mim) numa viagem de cerca de 100 km (uma hora e meia) em direcção ao Norte até Haifa.
O taxista teve o azar de já ter estado na Europa. Eu explico: aqui nos restaurantes e centros comerciais há seguranças à porta, para entrar no hospital tem que se passar num posto de controlo tipo aeroporto, há militares armados a patrulhar as ruas… e isto em Haifa que, apesar de ser a terceira cidade do país e o maior porto marítimo, há poucos atentados terroristas. Ora quem já experimentou a sensação da leveza da ‘liberdade’ assumida não tolera muito bem estas situações.
Mas para todos os outros israelitas…
…é normal!

domingo, outubro 17, 2004

Que dia!

Estou a adorar!
Quando tiver mais tempo conto os pormenores.
Vamos ter um programa super intensivo mas extremamente excitante! Dormi uma hora!
Temos um dia livre em 28 dias de curso!!!
No curso ha Sul Americanos, Africanos, Asiaticos e ate Europeus ena nossa apresentacao ja dei a maior gafe possivel: a falar da nossa historia disse que tinhamos descoberto o Brasil!!! Gargalhada geral!

sábado, outubro 16, 2004

8C à chegada a Frankfurt

Aproveitando um posto de internet gratuito no aeroporto de Frankfurt aqui vao as primeiras palavras a caminho de Haifa.
Agradeco ao cozinheiro italiano da Lufthansa o fusili vegetariano do lanche!
Nao se esquecam de me avisar do Porto-Benfica...

segunda-feira, outubro 11, 2004

Onde vai brilhar o sol...

É aqui que me vão poder encontrar caso me queiram ir fazer uma visitinha:
*Haifa, Israel - de 16 de Outubro a 11 de Novembro, no Rambam Medical Center a frequentar o 'Fifth International Course on Developing and Organizing a Trauma System;
*Jerusalém, Israel - dias 12 e 13 de Novembro, a passear;
*Lisboa, Portugal - dia 14 de Novembro - de passagem;
*Dili, Timor Lorosae - de 16 de Novembro a 20 de Dezembro, na missão da AMI;
*Bali, Indonésia - dias 21 e 22 de Dezembro - para umas feriazinhas;
*PORTO, PORTUGAL - de 23 de Dezembro a ... - de volta para o Natal em família!

Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar da Universidade do Porto Posted by Hello

quinta-feira, outubro 07, 2004

O início

A preparação de uma viagem começa em terra.
Esta é a 'minha' casa onde há sete anos plantei as sementes que ajudam agora a desenhar mais este projecto.
Uma homenagem à licenciatura em Medicina do Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar, Universidade do Porto/Hospital Geral de Santo António.