Até há uns meses atrás nunca tinha prestado muita atenção ao fenómeno das primárias norte-americanas. Mas este ano, fruto da minhas companhias de jantar (CNN) e de leitura de fim-de-semana (The Economist), a curiosidade foi-se instalando e, como ouvi dizer há umas semanas em Berlin, "sou um fã das primárias".
As discussões de príncipio, o core da política, são interessantes: a esquerda, a direita e o centro, os conservadores e liberais (dentro dentro do mesmo partido), o papel dos juízes na sociedade, small government and low taxes, os cuidados de saúde...
As discussões de príncipio, o core da política, são interessantes: a esquerda, a direita e o centro, os conservadores e liberais (dentro dentro do mesmo partido), o papel dos juízes na sociedade, small government and low taxes, os cuidados de saúde...
Mas é o folclore que verdadeiramente me atrai. A complexidade e variebilidade do sistema. O léxico: primaries, caucuses, GOP, delegates, super-delegates, closed/semi-closed/semi-open/open voting... A cobertura jornalística. Tudo "em grande" à medida dos orçamentos investidos (ou gastos conforme o caso). É impressionante ver o esforço pessoal e o commitment a que os candidatos, no topo da sua vida pública (todos são Senadores, Governadores ou simplesmente milionários sem nada para fazer), se entregam. Milhares de quilómetros percorridos, centenas de comícios, entrevistas e debates hostis, os olhos do mundo em cima deles (e os ouvidos em tudo o que alguma vez disseram em público e em privado), um aspecto sempre impecável, a exposição da família... Tudo para durante 8 anos, caso não faça muitas asneiras (esqueçam GWB), poder morar numa casa enorme, branca e com mísseis no quintal.
E, claro está, tenho um candidato preferido! Inocentemente penso, como a maioria dos europeus e cidadãos do lado de cá do mundo, que o meu candidato vai ser aquele que vai realmente respeitar o Protocolo de Quioto, que vai acabar com a prepotência bélica dos Estados Unidos, acabar com a histeria pós 11 de Setembro, abrir de novo o país aos cientistas de todo o mundo, ser o melhor amigo da Europa...
Mas, caso seja eleito, o mais provável é que Barack Obama seja simplesmente um bom presidente para o povo que o elege. E confesso que já fico satisfeito! Primeiro, pelo impressionante movimento político e social, quase supra partidário, que conseguiu criar à sua volta, o que verdadeiramente admiro em qualquer parte do mundo. Depois, e apesar de não acreditar na mudança pela mundança, é difícil resistir ao apelo de quem tão vigorosamente quer mudar o status quo (vejam o vídeo estilo Hollywood no post anterior). Por fim, porque me dará um certo gosto ver o meu candidato democrata, liberal, jovem e negro a dar umas voltas ao fim-de-semana no Air Force One!
Bom fim-de-semana!
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